Não, não tenho uma bola de cristal ?
Mas tenho sempre o cuidado de fazer uma análise dos dados que tenho à disposição. E acho que todos deviamos fazer isso.
Recordo-me que no final de Março a minha ideia é que iria acontecer um reajuste dos preços. Eles já começavam a ajustar ( de forma muito lenta) e vamos ser sinceros, precisávamos de um certo reajuste de forma a englobar mais familias capazes de comprar algo que é essencial, neste caso... habitação.
Na altura fiz uma previsão a médio/longo prazo de uma descida até 10% e apontava esse "pico" para o final do ano ?
A semana passada foi algo atípica, a revista SÁBADO, fez capa com a referência de casas em saldo, um triste artigo que provavelemnte se refere a uma realidade paralela.
Deixo alguns pontos que parecem ser relevantes e que apresentam toda a conjentura de uma forma bastante simplista e acessivel a todas. As casas não estão em saldos. Nem estão a “descer”. Os dados registados mostram uma descida de 0,5% em Abril. Irrisório ?
- Esta "crise económica" não é comparável à 2008, pois a mesma não é provocada por falta de liquidez da banca ou por uma bolha especulativa mas sim por uma pandemia que afecta todo o globo;
- A forma como Portugal tem lidado com a gestão da pandemia, tem sido enaltecida pela imprensa estrangeira. E para muitos, Portugal será o melhor país europeu para viver pós pandemia. O que de certa forma irá promover investimento estrangeiro;
- Os promotores imobiliários de hoje estão menos expostos à banca e tem mais capital próprio. E vendem a maior parte dos empreendimentos ainda em planta ou durante a construção.Logo não existe risco de falta de liquidez e de uma eventual entrega dos projectos aos bancos;
- O periodo de construção dos imoveis varia entre os 2/3 anos. O que permite ter uma boa expectativa de venda dos projectos já num periodo de recuperação económica, isto se não forem vendidos antes.
- O colapso das bolsas a certa altura, reforcou a ideia que o imobiliário é um bom investimento e menos volátil a grandes mudancas. Um investimento seguro portanto;
- De uma forma geral, continua a existir uma enorme falta de produto para a classe média / baixa. Havendo falta de produto e mantendo-se a procura o mercado não remete para grandes variações;
- As mudancas previstas nos vistos gold, ao que parece foram adiadas o que privilegia novamente o investimento estrangeiro;
- A avaliação das casas em Portugal bateu novamente o máximo histórico, em Maio, com valores que correspondiam a Fevereiro de 2020.
- O mundo é uma aldeia global. Portugal em geral, e Lisboa em específico estão na moda e apresentam bom clima, segurança, gastronomia, lazer... e saúde!
- Apesar de ter havido um aumento na quantidade de desempregados, a verdade é que a maioria já tinha contratos de trabalho instáveis logo não entravam na equação para acesso ao crédito e compra de imóveis.
O que regula os preços em Portugal é a procura e a oferta. Com o problema do COVID a oferta não aumentou. Manteve-se a mesma.Em relação aos preços. Ha duas coisas que são importantes de distinguir Asking Price & Valor de Fecho ?
Uma casa podia estar a ser promovida por 300.000€ para ser fechada a 288.000€ antes do COVID.
Agora o que acontece é o imóvel entrar no mercado a 295.000€ para ser fechado a 288.000€ ?
Ou seja, o preço de venda continua a ser o mesmo o asking price é que desce. As pessoas comuns só conseguem ter acesso ao valor do asking price que é o preço de promoção logo isso dá a falsa ideia de uma baixa de preço.
As moratórias de crédito impedem que neste momento entrem casas novas no mercado. Vamos aguardar com expectativa o que o futuro no reserva, mas a verdade é que as ideias iniciais estavam erradas ❌
Em 2008 os bancos emprestavam crédito a 100% e hoje em dia o cenário é diferente. Muitas compras sao feitas em dinheiro, o que leva a uma menor da banca.
Fez sentido o que eu disse? Qual a tua opinião? ??♂️
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